Imposto de Renda 2025: caí na malha fina, e agora? O que fazer?

Receber a notícia de que você caiu na malha fina do Imposto de Renda pode gerar uma baita dor de cabeça. Aquele frio na barriga e o turbilhão de perguntas são instantâneos. “Será que fiz algo muito errado?”, “Vou ter que pagar uma multa?”, “Como resolvo isso?”.

Embora a situação exija atenção e ação, isso é mais comum do que você imagina e, na maioria das vezes, tem solução. Cair na malha fina significa que a Receita Federal encontrou alguma inconsistência na sua declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e quer esclarecimentos.

Vamos simplificar esse processo e te mostrar que, com as informações corretas e um pouco de organização, você pode tirar essa pendência de letra. Afinal, manter seu seu imposto de renda em dia é crucial para evitar problemas futuros, como restrições no CPF e dificuldades em obter crédito.

O que significa cair na malha fina em 2025?

O que é essa tal de “malha fina”? ou mais formalmente, “malha fiscal do Imposto de Renda”, significa que a sua declaração do IRPF foi retida pela Receita Federal para uma verificação mais detalhada.

Pense nisso como um pente fino que o sistema da Receita passa nas declarações, cruzando os dados que você forneceu com informações de outras fontes (como empresas, bancos, cartórios e planos de saúde).

Se o sistema identificar alguma divergência, omissão ou erro, sua declaração é separada para análise.

Isso não quer dizer, de imediato, que você cometeu fraude ou que terá que pagar uma multa. Em alguns casos, é necessário comprovação documental do que foi declarado, alguns erros simples de preenchimento, esquecimento de algum rendimento ou até mesmo informações desencontradas fornecidas por terceiros.

Cair na malha fina é uma punição? Não necessariamente. É um procedimento de verificação. A Receita Federal quer entender o porquê daquela inconsistência. Se for um erro seu, você terá a chance de corrigi-lo. Se for um equívoco da fonte pagadora, você poderá apresentar documentos comprobatórios.

Como saber se caí na malha fina?

Descobrir se você caiu na malha fina é mais simples do que parece. Você não precisa esperar uma cartinha da Receita chegar (embora ela possa vir, eventualmente, como uma intimação). A forma mais rápida e eficiente de verificar sua situação é online, através do portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte) da Receita Federal.

Veja o passo a passo para consultar:

1. Acesse o Portal e-CAC: Vá para o site oficial da Receita Federal e procure pela opção “e-CAC”.
2. Faça o login: Você precisará de um código de acesso ou, preferencialmente, de uma conta Gov.br de nível prata ou ouro. A conta Gov.br é mais segura e oferece acesso a mais serviços.
3. Busque a opção “Declarações e demonstrativos”: Ao entrar haverá vários serviços disponíveis, mas você deve escolher “declarações e demonstrativos”
4. Navegue até “Meu Imposto de Renda”: Após o login, procure pela opção “Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRPF)”.
5. Verifique o “Status da Declaração”: Nesta seção, você encontrará o status de processamento da sua declaração mais recente. Se houver pendências, geralmente aparecerá a mensagem “Com Pendências”.
   • Processada: Sua declaração foi recebida e processada.
   • Em Fila de Restituição: Sua declaração foi processada e você tem imposto a restituir.
   • Com Pendências: Sua declaração está em malha fina. O sistema indicará quais são as inconsistências.
   • Em Análise: Sua declaração foi recebida e está sendo analisada.
   • Retificada: Você enviou uma declaração retificadora.
   • Cancelada: Sua declaração foi cancelada.
   • Tratamento Manual: A declaração está sendo analisada por um auditor.

Clicando em “Pendências de Malha”, você poderá ver o motivo exato pelo qual sua declaração foi retida.

Principais motivos para cair na malha fina

Entender os motivos para cair na malha fina pode te ajudar a evitar esse problema no futuro e a identificar rapidamente o que pode ter acontecido com sua declaração atual. As razões são variadas, mas algumas são figurinhas carimbadas. Olha só:

Omissão de Rendimentos:

• Esquecer de declarar salários, aluguéis recebidos, pensões, rendimentos de investimentos ou qualquer outra fonte de renda.
• Não declarar rendimentos de dependentes (quando aplicável).
• Informar valores menores do que os recebidos. Lembre-se: as empresas também informam à Receita os valores pagos a você!

Despesas Médicas Incorretas:

• Informar despesas médicas sem comprovação (recibos, notas fiscais)
• Declarar despesas de não dependentes.
• Valores informados por você diferentes dos informados por clínicas, hospitais e laboratórios (eles também declaram via DMED – Declaração de Serviços Médicos e de Saúde).

Divergências com Dependentes:

• Incluir dependentes não permitidos pela legislação.
• CPF do dependente informado incorretamente ou com pendências.
• O mesmo dependente constar em mais de uma declaração (por exemplo, na declaração do pai e da mãe, se não houver acordo judicial).

Informações de Compra e Venda de Bens:

• Não declarar a venda de um imóvel ou veículo.
• Erro no cálculo do ganho de capital na venda de bens.

Divergências em Previdência Privada e Pensão Alimentícia:

• Erros de Digitação: Simples erros ao digitar números podem causar grandes dores de cabeça.
• Atualizações Cadastrais: Informações desatualizadas, como mudança de endereço não comunicada, também podem gerar alertas.

A Receita Federal cruza uma quantidade massiva de dados. Por exemplo, se você vendeu um carro, o Detran informa. Se você recebeu aluguel, a imobiliária (ou o inquilino, se pessoa jurídica) pode informar. Seus investimentos são informados pelos bancos e corretoras.

Caí na malha fina, e agora?

Ok, você confirmou no e-CAC malha fina que sua declaração tem pendências. Se você caiu na malha fina, agora basta corrigir as informações incorretas! Para isso, é preciso preencher uma retificação e corrigir as informações ou a apresentação dos documentos que estejam pendentes e que comprovem essa pendência. Para fazer entrega, é o mesmo caminho por onde a declaração é enviada.

Existem basicamente dois caminhos principais, dependendo da sua situação:

1. Se você identificou o erro e concorda com a pendência: O melhor a fazer é enviar uma declaração retificadora.
2. Se a declaração estiver correta ou precisar apresentar documentos: Aguarde uma intimação fiscal ou verifique no e-CAC a possibilidade de antecipar a apresentação dos documentos comprobatórios. Acompanhar o status no e-CAC é fundamental.

Passo a passo para retificar sua declaração

Se você analisou as pendências apontadas no e-CAC e percebeu que cometeu um erro (esqueceu um rendimento, digitou um valor errado, etc.), a retificação é o caminho.

1. Reúna os documentos corretos: Tenha em mãos todos os informes de rendimento, recibos de despesas, documentos de compra e venda, etc., que se referem à informação que precisa ser corrigida.
2. Acesse o programa do IRPF: Utilize o mesmo programa ou aplicativo em que você fez a declaração original. Se não o tiver mais, baixe-o no site da Receita Federal referente ao ano da declaração.
3. Abra a declaração original: No programa, selecione a declaração que está “Com Pendências”.
4. Inicie a retificação: Haverá uma opção como “Retificar Declaração”. Ao selecioná-la, o programa criará uma cópia da sua declaração original. É importantíssimo que você informe o número do recibo da declaração original que será retificada.
5. Corrija as informações: Navegue até a ficha onde está o erro e insira os dados corretos. Verifique todas as outras informações para garantir que não há mais nada a ser ajustado.
6. Verifique as pendências: Antes de enviar, use a função “Verificar Pendências” do programa para ver se o erro foi sanado.
7. Envie a declaração retificadora: Após corrigir e verificar, envie a declaração. Será gerado um novo recibo de entrega. Guarde-o bem!

Importante: Você pode retificar sua declaração a qualquer momento, desde que ela não esteja sob procedimento de fiscalização (ou seja, você ainda não recebeu uma intimação ou notificação de lançamento). Mesmo após cair na malha fina, a retificação espontânea é geralmente a melhor opção se o erro for seu, pois pode evitar multas mais pesadas.

Aguardando comprovação documental ou buscando ajuda

Existem situações específicas, como:

• Quem caiu, mas está aguardando pelo momento da comprovação documental: Se você verificou as pendências e tem certeza de que sua declaração está correta e que a divergência pode ser um erro de informação da fonte pagadora, por exemplo, você pode optar por aguardar a Notificação de Lançamento ou o Termo de Intimação Fiscal. Com esse documento em mãos, você terá um prazo para apresentar sua defesa e os documentos que comprovam suas alegações. Segundo a Receita Federal, é possível também, em alguns casos, apresentar os documentos de forma antecipada. Verifique no e-CAC, na seção de malha fiscal, se existe a opção “Atender intimação não formalizada” ou similar. Isso pode agilizar o processo.
• Quem caiu, mas precisa de buscar ajuda pra corrigir: Se você se sente inseguro sobre como proceder, não entende a pendência ou acha que a situação é complexa demais, não hesite em procurar ajuda profissional. Um contador experiente pode analisar seu caso, orientar sobre a melhor forma de regularização e até mesmo preparar e enviar a declaração retificadora ou a documentação necessária para a Receita. Às vezes, o custo de um profissional é um investimento que evita multas e problemas maiores.

Conforme o portal Gov.br da Receita Federal, o contribuinte pode se antecipar e regularizar as pendências da malha fiscal do IRPF de forma totalmente digital, por meio da apresentação da declaração retificadora ou, quando essa opção não estiver mais disponível, por meio da apresentação eletrônica de documentos.

E se eu não tiver como pagar a multa ou o imposto devido?

Essa é uma preocupação legítima: caí na malha fina e não tenho como pagar. Se, após a retificação ou análise da Receita, for constatado que você tem imposto a pagar ou uma multa, e o valor é pesado para o seu orçamento, saiba que existem opções.

A Receita Federal permite o parcelamento dos débitos fiscais. Geralmente, você pode parcelar o valor em até 60 vezes, desde que o valor mínimo de cada parcela não seja inferior a um determinado limite (que é atualizado periodicamente). O pedido de parcelamento também pode ser feito online, através do e-CAC.

O que acontece se eu não pagar a malha fina?

Caso você ignore o débito, a falta de pagamento pode levar à inscrição do seu nome na Dívida Ativa da União, o que tem como consequências mais sérias, como protesto em cartório, execução fiscal e restrições ainda maiores no seu CPF.

Quanto tempo demora para sair da malha fina?

Ah, a pergunta de um milhão de dólares: quanto tempo demora para sair da malha fina? A resposta é: depende.

• Se você retificou a declaração: Após o envio da declaração retificadora, a Receita Federal fará um novo processamento. Isso pode levar de algumas semanas a alguns meses. Acompanhe regularmente o status no e-CAC. Se a retificação sanar todas as pendências, sua declaração sairá da malha.
• Se você apresentou documentos: Após a análise dos documentos pela Receita Federal, eles emitirão uma decisão. O prazo para essa análise também varia conforme a complexidade do caso e o volume de trabalho do órgão. O Santander Blog menciona que “não existe um prazo definido para sair da malha fina. Em alguns casos, pode levar semanas, em outros, meses. O importante é acompanhar o status da sua declaração no e-CAC e, se necessário, entrar em contato com a Receita Federal para obter mais informações.”
• Se não houver ação de sua parte (e a declaração tiver realmente um problema): A pendência persistirá e pode evoluir para uma notificação de lançamento, com cobrança de imposto e multa.

O ideal é agir proativamente assim que identificar a pendência.

A malha fina deixa o CPF irregular?

Essa é outra dúvida comum: a malha fina bloqueia o CPF? Diretamente e imediatamente, não. Cair na malha fina significa que sua declaração está sob análise. No entanto, se as pendências não forem resolvidas e resultarem em débitos não pagos, seu CPF pode ficar irregular (“pendente de regularização”).

Um CPF irregular traz uma série de transtornos:

• Impossibilidade de abrir contas bancárias ou obter empréstimos.
• Problemas para emitir passaporte.
• Restrições para participar de concursos públicos.
• Dificuldades em comprar ou vender imóveis.

Portanto, embora a malha fina em si não seja um bloqueio imediato, as consequências de não regularizar as pendências podem, sim, levar à irregularidade do seu CPF.

Entenda sobre: CPNJ Irregular

Qual o valor da multa se cair na malha fina?

Se você cair na malha fina, as multas podem variar bastante a depender do motivo:

• Multa por atraso na entrega da declaração (se esse for o motivo inicial): Se você estava obrigado a declarar e não o fez ou entregou fora do prazo, a multa é de 1% ao mês (ou fração de mês) sobre o imposto devido, com valor mínimo de R$ 165,74 e máximo de 20% do imposto devido. Se não houver imposto devido, a multa mínima ainda se aplica.
• Multa de ofício (quando a Receita constata imposto não pago ou pago a menor): Geralmente é de 75% sobre o valor do imposto devido.
• Multa agravada: Em casos de sonegação, fraude ou conluio, a multa pode saltar para 150% sobre o imposto devido.
• Multa por não atendimento à intimação: Se você for intimado pela Receita Federal a prestar esclarecimentos ou apresentar documentos e não o fizer no prazo, pode ser aplicada uma multa isolada de 50% sobre o valor do débito apurado ou a ser lançado de ofício.

Além das multas, há a incidência de juros de mora, calculados com base na taxa Selic, sobre o imposto devido.

Mas, se você retificar a declaração espontaneamente, antes de qualquer procedimento de ofício da Receita (como uma intimação), você paga apenas o imposto devido acrescido dos juros Selic, sem a multa de ofício de 75%.

Por isso, a retificação é tão vantajosa quando você identifica o erro.

Prevenção: boas práticas para evitar a malha fina no futuro

Depois de passar pelo susto da malha fina (ou para evitar cair nela!), é fundamental adotar boas práticas na hora de preparar suas futuras declarações do Imposto de Renda. A prevenção é sempre o melhor remédio!

• Organize seus documentos ao longo do ano: Não deixe para juntar tudo na última hora. Crie uma pasta (física ou digital) e vá guardando informes de rendimentos, recibos de despesas médicas, educação, comprovantes de aluguéis, documentos de compra e venda de bens, etc.
• Atenção redobrada aos informes de rendimentos: Confira se todos os rendimentos recebidos durante o ano-calendário estão declarados, incluindo salários, pro labore, aluguéis, aposentadorias, pensões, rendimentos de investimentos, etc. Compare os valores dos informes com seus próprios controles.
• Cuidado com as despesas dedutíveis: Declare apenas despesas que você pode comprovar e que são permitidas pela legislação. Guarde todos os recibos e notas fiscais por, no mínimo, 5 anos.
• Informe corretamente seus dependentes: Verifique quem pode ser considerado dependente e informe o CPF de todos eles, inclusive dos recém-nascidos. Lembre-se que rendimentos dos dependentes também podem precisar ser declarados.
• Utilize o programa da Receita com atenção: Preencha todas as fichas com calma. Muitos erros são de simples digitação. Utilize a opção de “Verificar Pendências” do programa antes de enviar.
• Acompanhe o processamento: Após enviar a declaração, acesse o e-CAC periodicamente para verificar o status. Se surgir alguma pendência rapidamente, você pode corrigi-la de imediato.
• Mantenha seus dados cadastrais atualizados: Comunique à Receita Federal qualquer alteração de endereço ou outros dados relevantes.
• Se tiver dúvidas, procure ajuda: Se a declaração for complexa ou você se sentir inseguro, considere contratar um contador.

Seguindo essas dicas, a probabilidade de cair na malha fina diminui consideravelmente, e o processo de declaração do meu imposto de renda se torna muito mais tranquilo.

Segui o passo a passo e resolvi minha pendência. e Agora?

Lembre-se que o portal e-CAC é seu grande aliado nesse processo, fornecendo informações detalhadas sobre as pendências. E, para o futuro, a organização e a atenção no preenchimento da sua declaração são as melhores ferramentas para evitar novas dores de cabeça com o Leão.

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Perguntas Frequentes (FAQs)

1. O que acontece se eu não retificar minha declaração que caiu na malha fina? Se você não retificar uma declaração com erros ou não apresentar os documentos solicitados pela Receita Federal, sua situação pode se agravar. A Receita poderá lavrar uma Notificação de Lançamento, cobrando o imposto devido acrescido de multa (que pode ser de 75% ou mais) e juros. Além disso, seu CPF pode ficar irregular.
2. Posso cair na malha fina mesmo se minha declaração for feita por um contador? Sim, é possível. Embora um contador experiente reduza significativamente as chances de erro, ele depende das informações e documentos que você fornece. Omissões ou informações incorretas fornecidas ao contador podem levar à malha fina. Além disso, o cruzamento de dados da Receita pode identificar divergências com informações de terceiros.
3. A Receita Federal avisa quando a declaração sai da malha fina? A Receita Federal não envia um aviso específico informando que a declaração “saiu” da malha fina. A melhor forma de acompanhar é acessando o portal e-CAC e verificando o status da sua declaração na seção “Meu Imposto de Renda”. Quando as pendências são resolvidas, o status muda (por exemplo, para “Processada” ou “Em Fila de Restituição”).
4. Se eu cair na malha fina, perco o direito à restituição do imposto de renda? Não necessariamente. Se você tiver direito à restituição e sua declaração caiu na malha fina, a restituição ficará retida até que as pendências sejam solucionadas. Após regularizar a situação (seja por retificação ou apresentação de documentos que comprovem a exatidão da sua declaração), e se o direito à restituição for confirmado, ela será liberada, geralmente nos lotes residuais.
5. Qual a diferença entre “malha fina” e “intimação fiscal”? “Cair na malha fina” é o processo inicial onde sua declaração é retida para análise devido a inconsistências. Uma “intimação fiscal” é um comunicado formal da Receita Federal solicitando que você apresente esclarecimentos ou documentos comprobatórios sobre as divergências encontradas. Geralmente, a intimação ocorre se as pendências da malha fina não forem resolvidas espontaneamente pelo contribuinte via retificação.